O segundo mandato do prefeito tucano Jaime Cruz mal chegou à metade, mas já dá sinais de falta de fôlego. Os acontecimentos mais recentes dão prova disso:
- Fim do Decreto da Maldade. Depois de um ano de luta dos servidores públicos (ações judiciais, negociações nas campanhas salariais, denúncias nas redes sociais e na imprensa, articulações com parlamentares, conversas com a população e muitos protestos), o prefeito Jaime Cruz recuou e revogou o Decreto da Maldade. Os servidores venceram a queda de braço e impuseram uma importante derrota política à prefeitura. A derrubada do decreto veio com a alta possibilidade de aprovação do projeto ‘Antimaldade’, na Câmara Municipal. A movimentação no parlamento incluiu não apenas os vereadores da oposição, ou os mais próximos das pautas dos servidores, mas também boa parte da base de governo. Nesse sentido, foi fundamental o diálogo dos servidores com a população da cidade, que passou a reconhecer a maldade no decreto e contribuiu na pressão aos vereadores.
- Denúncias de corrupção. Jaime Cruz era vice-prefeito quando as denúncias atingiram a gestão de Milton Serafim, acusado (e, posteriormente, condenado no STF) de exigir terrenos para a aprovação de condomínios imobiliários na cidade. Jaime Cruz assumiu a prefeitura, depois da renúncia de Serafim, na perspectiva de continuidade da gestão. Portanto, o fantasma da corrupção nos governos Serafim nunca foi exorcizado definitivamente. Para piorar sua situação, novas denúncias foram feitas na gestão de Jaime Cruz: supostos atos de superfaturamento na compra de pães, notas fiscais frias na compra de asfalto, irregularidades na licitação dos radiotransmissores. Como se não bastasse, corre na Câmara Municipal um pedido de cassação do mandato Jaime Cruz por suposta improbidade administrativa, a partir da reprovação das contas públicas de 2015.
- Câmara Municipal e Secretarias. A última sessão ordinária antes do recesso, na segunda-feira (25), foi ilustrativa dos problemas que o prefeito enfrenta com sua base de governo e secretários. A Câmara foi tomada por servidores, contra o Decreto da Maldade, e apoiadores do vereador de oposição Edson PC, que é ameaçado de cassação pela base governista. Vários vereadores da base discursaram de forma crítica ao prefeito. Ao fim da sessão, o presidente da Câmara, Nil Ramos, do mesmo partido do prefeito (PSDB), escancarou as divisões no próprio governo, inclusive, dando recado aos secretários: “Estamos vivendo numa guerra política. […] Creio que todos os secretários deveriam deixar o Prefeito à vontade para reorganizar a parte política ou a parte administrativa e deixar seus cargos a disposição do prefeito”. Três dias depois, o Boletim Municipal anuncia o pedido de exoneração do secretário de Negócios Jurídicos. Além disso, duas semanas antes, já havia caído o secretário de Serviços Municipais, por conta das denúncias de supostas irregularidades na compra de materiais para asfalto.
O que os servidores têm a ver com isso?
Não há como tapar sol com peneira: a fragilidade da prefeitura é evidente. Foi um fator que, inclusive, contribuiu para a queda do Decreto da Maldade. Com a tendência de agravamento da situação, a prefeitura perde força política para tentar impor outros ataques aos servidores. Além disso, em poucas semanas começa o período eleitoral e os políticos sabem que a retirada de direitos dos servidores e da população pode resultar em perda de votos. Passada a campanha salarial e derrubada do Decreto da Maldade, os servidores podem respirar. Mas não parar de lutar. A hora é enfrentar as demandas cotidianas nos locais de trabalho e, ao mesmo tempo, fortalecer a organização dos servidores em torno do sindicato. Seguimos nas lutas!
Deixe uma resposta