Lucro acima da vida: mineradora mata nosso povo e destrói nossos rios
Mais uma vez a lama da Vale deixa um rastro de mortes e destruição do meio ambiente. O rompimento da barragem da mina do Córrego do Feijão, na cidade Brumadinho, em Minas Gerais, é mais um crime bárbaro da mineradora. Enquanto escrevemos este texto, sete dias após o desastre, já estão confirmadas 110 mortes e 279 pessoas continuam desaparecidas. O rio Paraopeba, que abastece a Região de Belo Horizonte, já está contaminado e a lama tóxica deve chegar no rio São Francisco nas próximas semanas.
Os riscos da extração de minério em larga escala são enormes. Por isso, a segurança dos trabalhadores e das comunidades vizinhas, assim como a proteção ao meio ambiente, exigem altos investimentos e manutenção contínua. Não é o que faz a Vale. O modus operandi da mineradora é a redução de custos para a ampliação dos lucros. Apenas em 2018, a Vale distribuiu R$ 7,7 bilhões para seus acionistas. Apesar de seguidos alertas sobre a segurança de suas minas e apesar do rompimento criminoso da Barragem de Fundão, três anos atrás, em Mariana, a Vale nada fez para prevenir novos desastres. O lucro está acima da vida e da natureza.
O rompimento das barragens de Brumadinho já pode ser considerado o maior episódio de mortes durante o trabalho da história do Brasil. Supera o desabamento de um galpão que deixou 69 trabalhadores mortos em 1971, em Belo Horizonte. Em nota o Ministério Público do Trabalho (MPT) indicou que este é “o mais grave evento de violação às normas de segurança do trabalho na história da mineração no Brasil”.
Ao mesmo tempo, o que temos assistido dos poderes públicos é a completa conivência e omissão. O simples funcionamento de barragens de rejeito de minério, por exemplo, é proibido em diversos países. Aqui, além da autorização para operarem, as leis são flexíveis e não há fiscalização adequada. Para piorar, quando ocorrem desastres criminosos, como o de Mariana, as mineradoras não são devidamente responsabilizadas. Não podemos pagar para ver outro mar de lama assassino. O Estado brasileiro precisa agir com firmeza para dar um basta ao vale tudo das grandes mineradoras.
A Vale precisa ser responsabilizada não apenas pelas mortes, mas pelos danos causados a todas pessoas atingidas de alguma forma, seja no âmbito da saúde, da moradia ou do trabalho. Além disso, deve ser responsável pela recuperação ambiental da região e de todos os rios atingidos pela lama tóxica. Basta de impunidade!
Quanto ao poder público, é urgente acabar com a flexibilização das leis ambientais, que alivia a fiscalização sobre as mineradoras e permite empreendimentos de altíssimo risco sem a menor condição de segurança. O Estado brasileiro precisa regular de perto a mineração de larga escala.
Este caminho, por sinal, é absolutamente oposto ao que vem defendendo o presidente Bolsonaro e seus ministros. A plataforma do atual governo é de menos fiscalização das atividades e menos critério no licenciamento ambiental. Essa política criminosa, que o governo atual quer levar às últimas consequências, precisa ser combatida.
Por fim, reforçamos toda nossa solidariedade
com as vítimas. Não foi acidente, foi crime!
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