Ao contrário do que diz Bolsonaro, o Brasil tem sim uma dívida histórica com o povo negro. E o dia 20 de novembro é um momento para pensarmos sobre isso.
Foram mais de 300 anos de escravidão. Cerca de 12,5 milhões de africanos embarcaram em navios negreiros rumo às Américas para servirem de mão de obra escrava e passar por todo tipo de humilhação, maus tratos e sofrimento. Destas 12,5 milhões de pessoas, quase 5 milhões (40%) tiveram como destino o Brasil. As bases de nossa economia foram assentadas sobre o trabalho desses africanos brutalmente escravizadas. Ciclos do pau-brasil, cana-de-açúcar, ouro e diamantes, tabaco, algodão, pecuária, café… Tudo foi construído por mão de obra escrava.
E, desde 1888, apenas 130 anos atrás, quando a abolição foi promulgada, o que fizemos enquanto nação para reparar essa história que não podemos ignorar?
Na verdade, quase nada. As populações africanas, quando terminada a escravidão, foram marginalizadas e, por isso, o racismo brasileiro é tão presente até hoje. Apesar de fazer parte de mais de 50% da população, os afro-brasileiros representam apenas 20% do PIB. O desemprego é 50% superior ao restante da sociedade, a renda é metade da população branca e as taxas de analfabetismo são duas vezes superiores ao restante da população. Isso sem falar em no preconceito e violência cotidianos.
Por tudo isso, o movimento negro brasileiro passou a comemorar, na década de 1960, o 20 de novembro como o Dia da Consciência Negra. A data marca a morte de um dos maiores lutadores do povo brasileiro: Zumbi dos Palmares. É uma forma de valorização da comunidade negra e da sua contribuição na história do país. Hoje, a data é oficializada pela lei nº 12.519/2011 e é feriado municipal em mais de mil cidades e estadual em Alagoas, Amazonas, Amapá, Mato Grosso e Rio de Janeiro.
O 20 de Novembro celebra a luta do povo negro. Mas também convida a toda a população a pensarem seu papel no combate do racismo. Como diz a pensadora Angela Davis (e também disse o jogador Taison, esses dias), “numa sociedade racista, não basta não ser racista, é necessário ser antirrascista”.
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