Com a retomada das aulas presenciais na rede municipal, nesta segunda-feira (03/05), o governo de Vinhedo conseguiu contrariar a ciência, a saúde pública, o Sindicato, a maioria dos professores de Vinhedo e ainda boa parte dos pais e mães de alunos. E, como se não bastasse a irresponsabilidade, o prefeito médico insiste em tentar jogar a população contra os profissionais da Educação. Em live nesta quinta-feira (06/05), ao lado da secretária Eliana Chrispim, Dr. Dario afirmou que os servidores da Saúde têm mais disposição para o trabalho do que os da Educação, inclusive insinuando uso indevido de atestados médicos. Em vez de apoiar os servidores que estão há meses sobrecarregados com o trabalho remoto, Dr. Dario acaba atacando toda uma categoria de forma injusta e leviana.
Na live, o prefeito e a secretária também falaram da “qualidade dos espaços”. Mas não foi isso que o Sindicato verificou nas vistorias nas unidades conforme processo com Ministério Público do Trabalho (MPT). Das 35 escolas do municípios, o SSPV visitou 19 e constatou falhas estruturais graves para prevenção da Covid-19. Em várias salas de aula não há corrente de ar e as janelas têm abertura bastante reduzida. Alguns ambientes são tão abafados que há ar-condicionado. Salas de professores e refeitórios têm o mesmo problema. São poucos os ambientes com ampla ventilação, condição primária para diminuir riscos de contágio.
Outro problema foi o dimensionamento das salas de aula. O Sindicato avalia que, mesmo com turmas reduzidas, algumas salas podem receber excesso de alunos. Quanto à limpeza, as equipes são reduzidas e certamente ficarão sobrecarregadas. Isso sem falar na falta de inspetores. Os EPIs são mais um ponto em desacordo: o governo insiste em negar as máscaras PFF2 (as mais seguras) para os professores. As vistorias também constataram algumas escolas sem as marcações de distanciamento para orientar as crianças e profissionais. Além disso, como revela uma das fotos que o próprio prefeito divulgou, com crianças comendo em mesa compartilhada, os protocolos são difíceis de serem cumpridos.
É por tudo isso que o Sindicato protocolou o resultado das vistorias no Ministério Público do Trabalho (MPT) ainda no dia 30 de abril, demandando com urgência a suspensão do retorno das aulas presenciais. Conforme o documento, o SSPV avalia que “o retorno às aulas presenciais é inequivocamente um ato contra a saúde e vida de toda comunidade escolar, incluindo por óbvio os docentes e todos os demais servidores”. Após descrever o estado das escolas, com fotos em anexo, a assessoria jurídica do Sindicato é taxativa. “É evidente que a falta de preparo estrutural, condições externas de saúde e sanitárias do município, interesse da população (pais e mães de alunos) não condizem com a reabertura das atividades presenciais. Por este motivo, requer a intimação da inquirida para que suspenda o retorno presencial das aulas, até que apresente parecer técnico do Conselho Municipal de Saúde autorizando o referido retorno, ou até que o município passe para a fase amarela do plano São Paulo, com a redução de ocupação de leitos e manutenção abaixo de 80%”. Vale lembrar que a ocupação de leitos em Vinhedo está cravada em 100% faz semanas.
O prefeito médico deveria parar e olhar para o lado. Em Valinhos, o governo recuou. O retorno às aulas presenciais, que seria no próximo dia 10, passou para o dia 24 de maio, justamente pelas condições sanitárias ainda muito graves na região. A verdade é que ninguém aguenta mais educação à distância. Nem os pais, nem as crianças e muito menos os professores, que estão extremamente sobrecarregados. Só que o descontrole da pandemia não é culpa dos profissionais da educação, mas sim do governo Bolsonaro, que decidiu deixar o povo à beira da morte. Já esperamos até agora e precisamos esperar um pouco mais para voltar às atividades presenciais. Dr. Dario, escolha a vida em primeiro lugar!
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